FVFRAGA – Canoas, 12/11/2014.
Jogos Vorazes - A Esperança: Parte 1 / Mockingjay Part 1 (2014) confirma a crescente escala de qualidade da franquia. Desde o lançamento dos livros Jogos Vorazes - A Trilogia (2008 - 2010) e posteriormente do primeiro filme Jogos Vorazes - O Filme (2012), que a série vem tentando se desvencilhar, com sucesso, da recente enxurrada de narrativas para adolescentes que se multiplicam nos mercados literários e cinematográficos. Nesta terceira parte, que foi dividida em duas no cinema, Suzanne Collins reforça a coragem que teve ao abordar temas socialmente relevantes, ainda que um tanto quanto contraditórios, mas que refletem o anseio pelo protagonismo feminino, de uma forma não masculinizada.
Após os acontecimentos dos dois primeiros filmes, Katniss Everdeen (Jenifer Lawrence) se encontra em um abrigo (búnquer) subterrâneo no 13° distrito e está em conflito com os líderes dos rebeldes, por eles não terem resgatado os outros competidores da arena de Em Chamas - O Filme (2013). Os dilemas e responsabilidades da liderança são bem representados, pois a personagem que até então só havia pensado na própria sobrevivência, do seu parceiro de distrito e da sua família, agora tem que assumir a figura do Mockingjay (Tordo) para inspirar uma revolução. Mesmo contrariada ela vai sendo obrigada a aderir as revoltas ao se deparar com a destruição causada pela capital, quase personificada na figura do presidente Snow, tendo que lidar com a preocupação acerca do sofrimento que será infligido aos companheiros de arena capturados.
E é na representação da figura feminina que a produção se justifica e se destaca. É consenso no cinema que são poucas as protagonistas femininas que levam um grande público as salas e as que conseguem, são um tanto quanto masculinizadas. Jogos Vorazes prova o contrário. A arqueira Everdeen é uma heroína, mas não é na beleza, na força ou apenas na habilidade bélica que suas qualidades se salientam. O que cativa na sua personalidade é a capacidade de se importar e sempre tentar proteger, seja o seu companheiro, sua irmã ou o seu distrito, num instinto quase maternal ou ainda na capacidade de demostrar que a mulher pode fazer frente em uma sociedade ainda demasiadamente machista, sem necessariamente ser radicalmente feminista. Temas tabus que podem ser facilmente relacionados com a nossa própria realidade.
O elenco continua ajustado, sendo reforçado por Juliane moore, que interpreta a presidente Coin, num contraste muito interessante com a já conhecida acompanhante de tributos Effie Trinket (Elizabeth Banks) e a própria Katniss. É nessa dicotomia de classes sociais, que a importância de cada personagem se destaca, demonstrando que todos tem sua própria função na sociedade, sendo corroborada pela escolha acertada de cada ator. A divisão da conclusão da saga em dois filmes é obviamente uma decisão que visa ganhos financeiros, mas cria a oportunidade para que cada ator desenvolva mais o seu trabalho. Woody Harrelson e Philip Seymour Hoffman continuam convincentes em suas atuações. Atores coadjuvantes como Liam Hemsworth, Jeffrey Wright e a novata Natalie Dormer (a Margaery Tyrell de Game of Thrones), ganham mais espaço em tela acrescentando qualidade a história. Só quem perde um pouco é o personagem Peeta Mellark (Josh Josh Hutcherson), que aparece menos, porém em pontos chave não diminuindo sua importância. Este aumento de tempo proporcionado pela adaptação em duas partes do terceiro livro rendeu, também, algumas ótimas cenas de ação, como a de uma resgate em determinado momento do longa.
A mudança de tom em Jogos Vorazes - A Esperança, que vai de uma narrativa sobre um jogo de morte estilo Big Brother (Grande Irmão), para uma história de guerra, não deixa de ser corajosa. É possível reconhecer a analogia com as organizações socialistas no décimo terceiro distrito. As propagandas encenadas retomam as da Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, mostrando que neste tipo de conflito o povo está sujeito a manipulação de decisões tomadas por poucas pessoas. Entretanto é difícil mensurar se o público a que este discurso se destina e que lota as salas de cinema, percebe as verdadeiras qualidades que a obra apresenta.
Após os acontecimentos dos dois primeiros filmes, Katniss Everdeen (Jenifer Lawrence) se encontra em um abrigo (búnquer) subterrâneo no 13° distrito e está em conflito com os líderes dos rebeldes, por eles não terem resgatado os outros competidores da arena de Em Chamas - O Filme (2013). Os dilemas e responsabilidades da liderança são bem representados, pois a personagem que até então só havia pensado na própria sobrevivência, do seu parceiro de distrito e da sua família, agora tem que assumir a figura do Mockingjay (Tordo) para inspirar uma revolução. Mesmo contrariada ela vai sendo obrigada a aderir as revoltas ao se deparar com a destruição causada pela capital, quase personificada na figura do presidente Snow, tendo que lidar com a preocupação acerca do sofrimento que será infligido aos companheiros de arena capturados.
E é na representação da figura feminina que a produção se justifica e se destaca. É consenso no cinema que são poucas as protagonistas femininas que levam um grande público as salas e as que conseguem, são um tanto quanto masculinizadas. Jogos Vorazes prova o contrário. A arqueira Everdeen é uma heroína, mas não é na beleza, na força ou apenas na habilidade bélica que suas qualidades se salientam. O que cativa na sua personalidade é a capacidade de se importar e sempre tentar proteger, seja o seu companheiro, sua irmã ou o seu distrito, num instinto quase maternal ou ainda na capacidade de demostrar que a mulher pode fazer frente em uma sociedade ainda demasiadamente machista, sem necessariamente ser radicalmente feminista. Temas tabus que podem ser facilmente relacionados com a nossa própria realidade.
O elenco continua ajustado, sendo reforçado por Juliane moore, que interpreta a presidente Coin, num contraste muito interessante com a já conhecida acompanhante de tributos Effie Trinket (Elizabeth Banks) e a própria Katniss. É nessa dicotomia de classes sociais, que a importância de cada personagem se destaca, demonstrando que todos tem sua própria função na sociedade, sendo corroborada pela escolha acertada de cada ator. A divisão da conclusão da saga em dois filmes é obviamente uma decisão que visa ganhos financeiros, mas cria a oportunidade para que cada ator desenvolva mais o seu trabalho. Woody Harrelson e Philip Seymour Hoffman continuam convincentes em suas atuações. Atores coadjuvantes como Liam Hemsworth, Jeffrey Wright e a novata Natalie Dormer (a Margaery Tyrell de Game of Thrones), ganham mais espaço em tela acrescentando qualidade a história. Só quem perde um pouco é o personagem Peeta Mellark (Josh Josh Hutcherson), que aparece menos, porém em pontos chave não diminuindo sua importância. Este aumento de tempo proporcionado pela adaptação em duas partes do terceiro livro rendeu, também, algumas ótimas cenas de ação, como a de uma resgate em determinado momento do longa.
A mudança de tom em Jogos Vorazes - A Esperança, que vai de uma narrativa sobre um jogo de morte estilo Big Brother (Grande Irmão), para uma história de guerra, não deixa de ser corajosa. É possível reconhecer a analogia com as organizações socialistas no décimo terceiro distrito. As propagandas encenadas retomam as da Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, mostrando que neste tipo de conflito o povo está sujeito a manipulação de decisões tomadas por poucas pessoas. Entretanto é difícil mensurar se o público a que este discurso se destina e que lota as salas de cinema, percebe as verdadeiras qualidades que a obra apresenta.
Nota: 9,0 (Excelente)
"Se nós queimarmos você queimará conosco!"